A partir de agora o planeta Terra passará a usar os recursos naturais que estavam destinados para serem utilizados apenas em 2024.
Esta quarta-feira (2 de agosto), o planeta Terra entrou em sobrecarga, consumindo por isso a partir de agora os recursos naturais que estavam destinados apenas para o próximo ano (2024), de acordo com as estimativas da “Global Footprint Network” – organização internacional dedicada à análise da pegada ecológica global.
O ‘Dia da Sobrecarga do Planeta’, ou ‘Overshoot Day’, ocorre quando os recursos naturais utilizados pela humanidade ultrapassam a capacidade do planeta de renová-los e de regenerá-los. Com base na avaliação da pegada ecológica e da capacidade biológica de mais de 180 nações, esta data crítica é um sinal alarmante da crescente pressão que se exerce sobre os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra.
Nos últimos anos, tem havido uma tendência de estabilização quanto ao dia em que o planeta entre em débito ecológico. Embora este ano de 2023 tenha apresentado um aparente avanço de cinco dias em relação ao ano anterior (2022), os analistas da “Global Footprint Network” esclarecem que, na realidade, houve apenas uma melhoria de um dia em relação ao ano passado. Os demais quatro dias foram resultado de ajustes nas métricas da pegada ecológica.
Os especialistas por detrás destes cálculos reconhecem a dificuldade em determinar se a estabilidade observada, nos últimos cinco anos, decorre de um desaceleramento económico ou de esforços deliberados de descarbonização. Contudo, os especialistas destacam que a redução das emissões de gases de efeito de estufa continua insuficientemente lenta e que, para alcançar as metas estabelecidas pelas Nações Unidas, seria necessária encurtar o ‘Dia da Sobrecarga do Planeta’ em 19 dias por ano nos próximos sete anos (até 2030).
O diretor executivo da “Global Footprint Network”, Steven Tebbe, realça que a persistente exploração dos recursos naturais resulta em consequências cada vez mais visíveis, como ondas de calor extremo, incêndios florestais devastadores, secas prolongadas e inundações catastróficas.
As propostas para diminuir esta situação crítica incluem um aumento significativo na participação de fontes de eletricidade de baixa emissão de carbono, dos atuais 39% para 75%, o que adiaria o ‘Dia da Sobrecarga do Planeta’ em 26 dias. Para além disso, uma redução para metade do desperdício de alimentos acrescentaria mais 13 dias ao calendário.
A organização ambientalista Zero, ao comentar sobre o ‘Dia da Sobrecarga do Planeta’, apela para uma aceleração das mudanças necessárias para reverter a trajetória de destruição do meio ambiente. A Zero também destaca estratégias para adiar ainda mais essa data crítica, como a redução para metade da pegada de carbono, o que empurraria o ‘Dia da Sobrecarga do Planeta’ para o início do mês de novembro. Adicionalmente, a redução do consumo de carne em 50% resultaria numa extensão significativa do prazo, adiando o “pagamento” ambiental para o dia 19 do presente mês.