Manuel Pizarro disse que esta é a hora de “virar a página do período mais difícil desta pandemia”, mas sem descartar a importância da vacina.
Processo de vacinação foi e é “indispensável”, “estar vacinado faz a diferença”. Este foi um ponto comum ao discurso dos peritos que se reuniram, esta sexta-feira, no Infarmed para debater a situação epidemológica atual em Portugal. Mas também foi posto o assento tónico na vigilância. Em marcha está a administração da quarta dose da vacina que coincide com a vacinação da gripe.
Em traços gerais, Manuel Pizarro disse em entrevista aos jornalistas, após a reunião, que esta é a hora de “virar a página do período mais difícil desta pandemia”, o que não é, no entanto, sinónimo de esquecer que ela existe. Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, também direcionou as suas intervenções nesse sentido e disse que a “pandemia permanece”. “Foi inequivocamente exagerada o anúncio da sua morte. Deve ser integrado no processo de resposta às infeções respiratórias. Assim saberemos geri-la”, acrescentou.
Henrique Barros ilustrou ainda num quadro o impacto da vacinação em Portugal, salientando que a vacina contra a covid-19 preveniu “mais de um milhão de infecções, mais de dois milhões de dias de internamento, mais de 130 mil dias de internamento em cuidados intensivos e evitaram-se pelo menos 12 mil óbitos”, e acrescentou que o número em relação à mortalidade é um valor “conservador” atendendo à diminuição do número de mortes.
Questionado pelos jornalistas a propósito do uso das máscaras, que recorde-se só são exigidas em estabelecimentos de saúde e lares de idosos, o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, esclareceu que “não está prevista a adoção de medidas de saúde pública de caráter obrigatório. (…) Agora é uma questão de literacia em saúde.”
Variantes do vírus SARS-CoV-2
A insistência na vigilância foi também defendida por João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, cujo discurso centrou-se na evolução genética do vírus SARS-CoV-2. “Não há evidencia que estas sub-linhagens [da variante Omicron] sejam mais severas em termos de risco de morte e hospitalização”, mas ressalvou que embora não haja motivo para alarme existem “todos os motivos para manter uma vigilância ativa”.
Ainda segundo o mesmo, a “alta taxa de vacinação contrariou variantes”, daí a Ómicron ser a variante que perdura há mais tempo, uma vez que “fez com que a imunidade de grupo fosse robusta e criássemos um crivo ao desenvolvimento das mutações do vírus”. “Demos menos graus de liberdade”, ressaltou o investigador.
Ponto de situação da vacinação e campanha sazonal
Por sua vez, o Coronel Penha Gonçalves, responsável pelo processo de vacinação contra a covid-19, trouxe à luz o historial da vacinação. O reforço sazonal da vacina começou a ser administrado a 7 de setembro e, de acordo com Penha Gonçalves, 1 milhão e 800 mil pessoas estão vacinadas com a 4º dose da vacina contra a covid-19, “nas quais se incluem 52% de pessoas com mais de 60 anos”, referiu. “Está a ocorrer em conjunção com a vacinação da gripe que atingiu perto de 1 milhão e 900 mil pessoas, correspondendo a 61% das pessoas com mais de 65 anos”.
Esperam ainda aumentar em cerca de 10% a capacidade de vacinação da dose de reforço sazonal aos cidadãos a partir dos 50 anos até ao final do ano.