
O icónico Méhari foi apresentado a 16 de maio de 1968.
“Sem capota, com capota, ele é jipe é camião…” Não deve haver português de meia-idade que não se lembre do jingle do anúncio do Citroën Méhari, um automóvel que nasceu da necessidade de um veículo simples e versátil, mas que acabou por se tornar um automóvel de culto e que, hoje, atinge valores consideráveis no mercado de usados.
A história deste Citroën baseado no Dyane 6 começa a 16 de maio de 1968. Faz agora 55 anos que, em pleno auge do movimento de contestação estudantil francês – Citroën revelou no Campo de Golfe de Deauville o seu novo modelo. Assumindo um atípico formato pick-up, contava com motores de 28 a 32 cv e uma carroçaria em plástico ABS (Acrilonitrilo Butadieno Estireno), concebida por Roland de La Poype.
Entre 1968 e 1987 foram produzidas 144.953 unidades do Méhari, maioritariamente na fábrica Citroën de Forest, na Bélgica. Mas esta é também uma história feita em Portugal, já que 19.749 unidades foram produzidas na Fábrica de Mangualde, entre 1969 e 1983.
Este invulgar automóvel para “todo-o-terreno e todas as estações”, seduziu uma geração com a sua modularidade, o seu carácter prático e as suas vantagens económicas. O Méhari tornou-se um modelo emblemático da Citroën, até a nível mundial, e foi amplamente utilizado noutros ambientes, como sejam o exército francês e o cinema.

Construído com base na plataforma do Dyane 6, foi inicialmente apresentado com a designação Dyane 6 Méhari. Com uma carreira longa, de quase duas décadas, entre 1968 e 1987, a produção totalizou 144.953 unidades (das quais 1.213 do Méhari 4×4), o que constitui um sucesso surpreendente para este veículo tão invulgar.
UM VEÍCULO TODO-O-TERRENO PARA TODAS AS ESTAÇÕES
A designação Méhari deriva do nome masculino “Méhari” dado aos dromedários no Norte de África e no Sahara, animais conhecidos pela sua capacidade de lidar com todo o tipo de terrenos, pela sua resistência e pela sua sobriedade. O Méhari é, também ele, capaz de transportar mercadorias ou passageiros em longas distâncias. Esta designação é, assim, amplamente representativa do modelo Citroën Méhari, conhecido pelas suas capacidades de adaptação a todos os tipos de terrenos. É um veículo com um vasto número de aptidões.
Visto de fora, o Méhari não parece adequado a todas as estações, assemelhando-se mais a um pequeno descapotável para as férias de Verão. Graças a uma capota de inverno, o modelo ficava completamente isolado, tornando a sua utilização possível ao longo de todo o ano.
O Méhari tinha elevadas caraterísticas modulares, podendo transformar parte do seu piso num banco corrido, acrescentando dois lugares traseiros e, assim, acomodar até 4 passageiros. A carroçaria era composta por apenas 11 peças, facilmente reparáveis, e que podia ser lavada com um simples jato de água, tanto no interior como no exterior. Isto tornava a sua manutenção extremamente simples e económica para os seus clientes.

Apesar de ter sido produzido durante quase 20 anos, o Méhari apenas teve três versões diferentes, incluindo duas edições limitadas. Em 1983 foram lançadas duas Edições Especiais: a primeira foi o Méhari Plage, com o seu visual de férias e a sua vistosa cor amarela, comercializado em Espanha e em Portugal; em abril de 1983 surgiu o Méhari Azur, lançado nos mercados francês, italiano e português em apenas 700 unidades.
Em 1979, a Citroën introduziu uma nova variante com a versão 4×4, a qual oferecia uma liberdade de utilização ainda hoje quase inigualável. O Méhari foi um veículo de particular interesse para diferentes entidades públicas, como polícias, alfândegas, aeroportos, hipódromos, entre outras, mas também para comerciantes, artesãos e particulares. Teve, também, uma longa carreira no exército francês que, entre 1972 e 1987, encomendou um total de 11.457 unidades Méhari.
Já o Méhari 4×4 fez também carreira como veículo de assistência médica em estradas de todo o mundo. Em 1980 participou no Rali Paris-Dakar, edição em que dez Méhari 4×4 foram utilizados pelos serviços de assistência médica, ao longo do percurso.
Artigo por Rui Reis