Há semanas que andamos a apregoar a chegada de várias novidades entre os automóveis híbridos, elétricos e afins. Reconhecemos os seus méritos, enaltecemos as virtudes e sabemos que representam uma porta aberta para o futuro, um caminho sem retorno que abraçamos com convicção.
Mas para quem, como muitos de nós, ainda respira “gasolina”, no sentido figurado, claro, o anuncio de que a Bugatti poderá apresentar um automóvel com motor de combustão com 1850 cv de potência (com gasolina de competição, com gasolina convencional 98 “baixa” para os 1600 cv) que é capaz de superar os 500 km/h é uma lufada de ar… não tão fresco, confessamos, mas igualmente entusiasmante.

Calma! Ninguém vai fazer “tábua rasa” do código da estrada e superar em 4 vezes os limites de velocidade nas autoestradas nacionais. O Bugatti Bolide, é este o nome da besta, destina-se em exclusivo às pistas, o único local onde se podem explorar as prestações anunciadas por este autêntico F1 que pode ser conduzido por clientes particulares. Embora clientes experientes e, adivinha-se, com carteiras muito recheadas…

Os 1240 kg de peso anunciados resultam do foco colocado na minimização dos elementos de conforto e na utilização ainda mais exaustiva de materiais nobres e raros. Concebido tendo em vista as performances extremas, a utilização em pista e com uma relação peso/potência de apenas 0,64 kg/cv, o Bugatti Bolide acelera de 0 a 100 km/h em 2,17 segundos e, mais impressionante, demora 12,08 segundos para ir dos 0 aos 400 km/h, o mesmo tempo que um familiar tradicional leva para acelerar até aos 100 km/h.

No coração do “monstro” bate o mesmo motor W16 8.0, quadriturbo, que equipa o “normal” Chiron. Debita 1850 cv de potência e uns esmagadores 1850 Nm de binário, 10 vezes mais do que um utilitário Diesel convencional. A caixa de dupla embraiagem (DSG) tem sete velocidades e a tração é integral permanente.
O design do Bolide reflete o foco colocado no baixo peso e na melhoria do comportamento aerodinâmico, um ponto fulcral num automóvel que pode superar os teóricos 500 km/h. A Bugatti assegura que o Bolide se mantém fiel ao DNA da marca, mas, ao mesmo tempo, o desenho teve de incluir as enormes entradas de ar necessárias ao arrefecimento do monstruoso W16 e à otimização da eficácia aerodinâmica. O resultado final é claramente Bugatti, mas a agressividade que transpira das linhas e a atenção ao detalhe são por si só reveladoras da mestria dos engenheiros da histórica marca detida pelo Grupo VW.

BUGATTI BOLIDE – Dados técnicos
Motor | W16 |
Cilindrada | 7,993 cm3 |
Alimentação | 4 turbos |
Potência | 1,361 kW/1,850 cv às 7,000 rpm |
Binário | 1,850 Nm |
Caixa | 7- Velocidades DSG |
Tração | 4×4 |
Prestações
0 – 100 km/h | 2.17 s |
0 – 200 km/h | 4.36 s |
0 – 300 km/h | 7.37 s |
0 – 400 km/h | 12.08 s |
0 – 500 km/h | 20.16 s |
0 – 400 – 0 km/h | 24.64 s |
0 – 500 – 0 km/h | 33.62 s |
Aceleração lateral máxima | 2.8 G |
Dimensões
Comprimento | 4,756 mm |
Largura | 1,998 mm |
Altura | 995 mm |
Distância entre-eixos | 2,750 mm |
Peso a seco | 1,240 kg |
Relação peso/potência | 0.67 kg/cv |
Este artigo foi escrito por Rui Reis