O CEO da George Career Change realçou a importância de acompanhar de perto o mercado espanhol.
Especialista em Assessoria de Executivos Portugueses e Brasileiros na procura / mudança de emprego (career change), Jorge Fonseca é a “alma” da George Career Change, uma empresa portuguesa especializada na recolocação e reposicionamento profissional de grandes quadros. Presente, pelo terceiro ano consecutivo, no World Business Forum, Jorge Fonseca explicou à New Men a importância deste tipo de eventos, a necessidade imperativa de os empresários e as empresas portuguesas estarem atentas ao mercado espanhol e que Portugal pode ser um país muito atrativo para as grandes empresas internacionais e uma importante porta de entrada e de saída para mercados como o brasileiro.
Com a presença de mais de 800 executivos ligados às áreas dos negócios e das empresas, o World Business Fórum é um palco de eleição para conhecer as novas tendências, acompanhar os mercados, estabelecer pontes e fazer contatos que se podem revelar decisivos. Para Jorge Fonseca, este foi um dos grandes atrativos desta deslocação a Madrid, mas não foi o único. “Este é um evento fantástico a todos os níveis, tanto pela oportunidade de aumentar a nossa rede de contatos, como pela qualidade dos intervenientes e, em especial, dos oradores convidados. Esta edição está a ser excecional e ter um português na sessão de abertura (Durão Barroso) foi um orgulho. Aliás, a representação portuguesa é muito significativa já que 25% dos quadros e executivos aqui presentes vieram de Portugal. Quase todas os grandes grupos portugueses marcaram presença, da Sonae à Delta, passando pela área da hotelaria e da saúde, as empresas nacionais estão em força neste WBF”.
Quando questionado sobre um porquê de uma presença portuguesa tão vincada, Jorge Fonseca destaca a importância de acompanhar regularmente o mercado espanhol. “Todos as empresas e empresários têm de acompanhar o mercado espanhol. As suas grandezas e especificidades, as potencialidades que oferece e até os desafios que coloca. Devíamos acompanhar não só a vertente económica, mas até os desenvolvimentos políticos. Por exemplo, neste momento o governo eleito em Espanha é mais “radical” para os lucros das grandes empresas, enquanto o português é mais moderado. Isto pode ser uma oportunidade para os portugueses atraírem sedes de empresas que queiram estar presentes na Península Ibérica. Portugal é visto como um país seguro, moderado, politicamente e geograficamente estável (Espanha sofre com as tendências autonómicas de algumas regiões) e uma porta de acesso a mercados colossais como o brasileiro”.
Portugal já não é visto como o patinho feio da Europa? “Acredito piamente que a imagem de Portugal tem vindo a mudar radicalmente nos últimos 5 anos. Até pela forma como gerimos a crise pandémica e, lá está, pela estabilidade política e governativa. Somos vistos como um país com uma sociedade moderna e uma boa rede de ensino. Ainda subsistem algumas questões por resolver, mas a visão que os nossos parceiros europeus têm de Portugal é claramente melhor hoje em dia. O problema é a dimensão (ou falta dela) do mercado nacional, daí a urgência de criar pontes com empresas/empresários espanhóis. A verdade é que, por muito que nos custe, vários empresas internacionais “vêem” Portugal como uma província espanhola e a “ibéria” quase como uma entidade única”.
Em relação ao que ouviu e sentiu nesta edição do World Business Fórum, o CEO da George Career Change destaca as novas tendências na área da gestão e em particular na gestão de recursos humanos. “O foco dos empregadores deverá ser, cada vez mais, o capital humano das empresas. A perda de elementos válidos nas equipas é um problema que tenderá a agudizar-se tendo em conta que as novas gerações são muitos mais flexíveis e disponíveis para aceitar novos desafios quando não se revêm na empresa atual ou não se sentem valorizados. Outro desafio prende-se com a empregabilidade de elementos mais séniores, já que a população, em especial a portuguesa, continua a envelhecer e o crescimento demográfico é negativo”.
Por fim, Jorge Fonseca reforça a importância do mercado espanhol para a internacionalização de empresas portuguesas. “Espanha é um bom ponto de partida para uma empresa portuguesa que queira expandir horizontes e internacionalizar-se. Culturalmente somos muito próximos, a língua não é um grande problema e, apesar das dificuldades referidas anteriormente, é uma economia madura e tem uma estrutura social sólida e com valores ocidentais, ao contrário de outros mercados mais voláteis, até como alguns de língua oficial portuguesa”.
Entrevista por Rui Reis