Os ingleses têm uma expressão que se aplica na perfeição ao Qashqai: game changer.
Apresentado no Salão de Paris de 2006, o SUV da Nissan veio alterar por completo as regras do jogo num segmento (o dos SUV médios) que já estava em expansão acelerada e que acabou por assumir um protagonismo avassalador.
A combinação de uma estética atraente com uma acrescida versatilidade de utilização, um acertada gama de motores (com destaque para o conhecido e económico 1.5 dCi) e uma agressiva política comercial resultaram num sucesso que apanhou todos de surpresa, a começar pela concorrência que demorou algum tempo até perceber o tsunami que se tinha abatido sobre as suas “cabeças”. As vendas do Qashqai projetaram a Nissan para o topo das tabelas num fenómeno que se estendeu por toda a Europa e, como não poderia deixar de ser, também se refletiu neste cantinho à beira mar plantado.
A concorrência respondeu, desdobrou-se em variantes, versões e argumentos, mas o sucesso do Qashqai continuou a fazer tábua rasa de tudo o que a lhe atiravam para cima. E a verdade é que, após uns dias passados ao volante da versão de topo, equipada com o potente motor Diesel 1.7 dCi de 150 cv, é fácil perceber o porquê.

Num périplo de mais de 500 km que nos levou à lindíssima praia de Vieira de Leira (a merecer, por si só, uma visita com direito a almoço à beira mar), o Qashqai contagiou-nos pela disponibilidade do motor, facilidade de condução e conforto. Já para não falar numa lista de equipamento que deixa pouco lugar à imaginação e que contempla um sem número de auxiliares de condução, com destaque para o cruise-control adaptativo (mantém a distância para veículo da frente) e a para a manutenção na faixa de rodagem que continua a “maravilhar” os passageiros com a capacidade de condução autónoma.
Apesar de ser raro entre nós, o sistema 4×4 inteligente também se revelou surpreendente. Um pequeno comutador à esquerda da coluna de direção permite selecionar três posições: 4×2, 4×4 automático ou 4×4 com bloqueio do diferencial central 50:50 (a repartição é equitativa entre os dois eixos). Mesmo numa zona de terra batida um numa incursão ligeira fora de estrada, o modo 4×4 auto é mais do que suficiente, até porque as bonitas jantes de 19” com pneus estradistas exigem algum “carinho” na abordagem a terrenos mais agrestes. Ainda assim, é caso para dizer que este Qashqai 4x4i vai a locais onde nunca outro Qashqai irá…
O outro argumento de peso é o 1.7 dCi de 150 cv. Para quem já conduziu o SUV da Nissan com o motor 1.5 dCi a diferença é esmagadora. A disponibilidade do 1.7 dCi em baixos e médios regimes é muito superior e com esta unidade o Qashqai fica quase imune ao número de passageiros e às adversidades geográficas.
Ok, os consumos não são tão recordistas como os do 1.5 dCi, mas terminámos o périplo pela Costa de Prata e regressámos a Lisboa com uma média de 7,3 l/100 km. Um valor que resulta de uma condução sem qualquer pendor economicista, com quatro passageiros a bordo e respetiva bagagem. Não nos pareceu exagerado tendo em conta a potência e a tração integral.
Além de que com a campanha de preços que a Nissan está a praticar nesta versão, os 3500 euros que os clientes “ganham” de desconto imediato dão para uns quantos passeios de “borla”.

Este artigo foi escrito por Rui Reis