
Cerca de 78% dos inquiridos são mais felizes depois de mudarem o género que consta na certidão de nascimento.
Alyssa Rogers é uma mulher transexual de 26 anos que dormia com fome na esperança de que, se restringisse a alimentação, não cresceria. E se não crescesse, poderia passar mais facilmente por uma menina. Este é um dos relatos que chegou ao Washington Post, o jornal que se predispôs, juntamente com a organização sem fins lucrativos KFF, a realizar um estudo com mais de 500 transexuais americanos.
Abordaram questões sobre a infância, o meio envolvente e ouviram relatos sobre o pós-transição.
O estudo fez saber que 78% dos inquiridos são mais felizes depois de mudarem de sexo. “É bom apenas respirar e ser eu mesmo”, afirma Caldwell, de 37 anos. Inclusive, 32% respondeu que começou a ter noções da sua identidade de género por volta dos 10 anos ou em idades anteriores e 34% foi ganhando consciência entre os 11 e os 17 anos.
No entanto, mais de metade afirmou que, enquanto jovem, não tinha um adulto em quem pudesse confiar e oferecesse bases de apoio. Mas, a falta de um amparo agigantava-se com 29% dos adultos trans a confessar que foram expulsos de casa durante o crescimento, uma percentagem que sobe para 38% quando se trata de transexuais negros, aponta o estudo.
A pesquisa revela ainda que, uma larga percentagem que se identifica como trans, prefere os termos “não-binário”. Como é o caso de Josie Nixon, de 30 anos. Quando assim se assumiu, queria deixar para trás a cidade que o conhecia como homem. “Eu literalmente pesquisei no Google ‘onde vivem as pessoas trans”, contou. Do Michigan viajou até ao Estado do Colorado onde mudou de nome, deixou o cabelo crescer e iniciou o processo de transição.
A própria adaptação aliado ao estigma e às desigualdades – sendo que 1 em cada 5 revelou ter sido demitido ou perdido uma promoção fruto da identidade de género – podem ajudar a explicar porque é que, em comparação com a população em geral, esta comunidade tem duas vezes mais propensão a problemas de saúde mental.
Precisamente neste sentido, de acordo com Josie Caballero, Diretora do Centro Nacional (EUA) de igualdade transgénero, este tipo de estudos que descortina os depoimentos, “fornece ferramentas críticas para pesquisadores, formuladores de políticas e defensores que procuram perceber melhor as necessidades das pessoas trans, possam encontrar formas de melhorarem as suas vidas”, afirmou, em declarações ao Washington Post.
No Uganda a comunidade LGBT+ conheceu um novo retrocesso na passada quinta-feira, dia 23 de março, quando foi aprovada a pena de morte para homossexuais, através do “Projeto de Lei Anti-Homossexualidade 2023”