A dra. Lillian Barros esclarece mitos sobre a dieta.
Quando o assunto é dieta surgem mil e uma teorias. Tantas que, a certa altura, não se sabe o que é verdade e o que é mentira. Com o verão, a tendência é adotar todo o tipo de dicas e truques na esperança de manter a linha. No entanto, muitas das vezes estas dicas podem levar-nos ao resultado oposto, e pior ainda, prejudicar a nossa saúde.
A New Men entrou em contacto com a nutricionista Lillian Barros e pediu que esta desmitificasse algumas dúvidas sobre a dieta.
Todas as frutas e legumes são bem-vindos ao cardápio?
Sim. Este grupo de alimentos é extremamente rico em vitaminas, minerais e antioxidantes, pelo que podem e DEVEM fazer parte de uma alimentação saudável. Recomendam-se cerca de 5 porções por dia. Claro está que é preciso ter bom senso e considerar que uma peça de fruta, se for muito grande, pode equivaler a duas, pelo que numa perda de peso deverá ter-se este aspeto em conta.
Frutas desidratadas como as tâmaras, alperces, passas e ameixas requerem apenas uma atenção especial, porque acabam por ter uma concentração maior de açúcar, por terem menos água na sua constituição.
Podemos comer produtos lights sem culpa?
Um produto ser light não implica necessariamente que seja mais saudável ou baixo em calorias. O termo light implica uma redução nutricional de, no mínimo, 30% de um nutriente em relação ao produto semelhante. Contudo, esta redução pressupõe frequentemente outras substituições para que o alimento mantenha um sabor semelhante. Por exemplo, pode haver uma redução de açúcar e um aumento de gordura ou uma redução de açúcar, mas aumento de adoçantes que também podem ter um efeito nefasto, principalmente para quem sofre de problemas intestinais. Para além disso, é frequente pensar-se que estes produtos são menos calóricos.
No entanto, nem sempre tal se verifica. Para além de que muitas vezes as pessoas acabam por consumir maior quantidade do produto por acharem que é mais saudável, e pode ser pior a emenda que o soneto.
O pão integral não engorda?
Em primeiro lugar, o pão por si não engorda nem emagrece, nem é sequer considerado um alimento hipercalórico, como é o caso de um bolo de chocolate ou da manteiga de amendoim. O problema está muitas vezes relacionado com o que se coloca no pão e com o facto de se abusar nas quantidades. Se consumirmos pão em excesso engordamos, tal como se comêssemos fruta ou carne/peixe a mais.
Em relação à variedade de pão, a nível calórico, o pão integral tem sensivelmente as mesmas calorias que o pão branco. No entanto, geralmente é preferível optar-se por esta variedade devido a ser uma opção com maior teor de fibra e, por isso mais saciante.
É necessário eliminar totalmente as bebidas alcoólicas?
A ingestão de álcool é um dos principais fatores de risco para a morte, carga de doença e perda de qualidade de vida a nível nacional. O consumo de álcool está associado a neoplasias, doenças cardio e cerebrovasculares, doenças hepáticas, infeção por VIH, tuberculose, pneumonia e depressão, bem como é responsável pelo aumento dos níveis de criminalidade, violência doméstica e sinistralidade rodoviária. Por todos estes motivos, as bebidas alcoólicas devem ser evitadas ao máximo.
No entanto, a consumir, existem quantidades máximas recomendadas. Num homem entre os 18 e os 64 anos a quantidade máxima diária recomendada são duas bebidas padrão ou 20 g de álcool puro. Após os 65 anos, a quantidade máxima diária recomendada reduz-se para uma bebida padrão ou 10 g de álcool puro.
Na mulher a quantidade máxima diária recomendada é uma bebida padrão ou 10 g de álcool puro em qualquer idade. Esta bebida padrão/10 g de álcool puro traduz-se em aproximadamente uma cerveja (330 ml) ou 100 ml de vinho ou 30 ml de bebidas destiladas.
Torna-se igualmente importante compreender que estas bebidas são
extremamente calóricas. Na maioria delas, a grande fatia das calorias provém exatamente do álcool. Já nos vinhos licorosos, licores, sidras e alguns espumantes, o peso do açúcar é considerável. De facto, um grama de álcool equivale a 7 kcal, enquanto a mesma quantidade de açúcares corresponde a 4 kcal. Além disso, é fundamental considerar as diferentes porções de cada bebida que são ingeridas. Um licor tende a ser consumido em menor quantidade que uma sidra, por exemplo.
Assim sendo, as bebidas alcoólicas devem ser evitadas ao máximo. A OMS inclusive refere que “menos é bom, mas zero é melhor”.
Consumir hidratos à noite faz menos mal do que se for de dia?
Não engordam nem mais nem menos. Nenhum alimento passa a ter mais calorias dependente do período do dia em que é ingerido. Para existir uma perda de peso é necessário existir um défice calórico ao fim do dia. Não obstante, a moderação da ingestão de alimentos fontes de hidratos de carbono ao jantar e ceia poderá criar esse défice e, por isso, ser uma das estratégias para o efeito, que deve ser sempre decidida em conjunto com orientação de um nutricionista face ao objectivo e restante dia alimentar.
Cortar simplesmente os hidratos à noite sem ter em conta todo o dia alimentar e as necessidades individuais de cada pessoa pode ser simplesmente um erro. Cada caso é um caso.
Artigo por Yauri Neto