O evento desportivo, que é organizado pela FIFA, contará com Portugal, Espanha e Marrocos como países anfitriões do respetivo Mundial.
A Aliança Ibérica pela Ferrovia, que reúne 21 organizações sociais, sindicais, económicas e ambientais de Portugal e Espanha, está a avançar com uma proposta ambiciosa de tornar o comboio o principal meio de transporte durante o Mundial 2030 de futebol, competição que terá Portugal, Espanha e Marrocos como países anfitriões. Sob o nome ‘Um Mundial pelo Clima’, esta iniciativa tem como objetivo reduzir significativamente as emissões de carbono associadas ao respetivo evento desportivo da FIFA.
A proposta inclui a criação de “bilhetes verdes“, que oferecem acesso não apenas aos jogos do Mundial, mas também ao transporte ferroviário e a outros serviços de transporte público dentro das cidades anfitriãs, tudo isto a um preço mais acessível em comparação com os “bilhetes castanhos” que não incluem transporte. Além disso, os “bilhetes verdes” proporcionam ainda acesso a serviços alimentares com práticas sustentáveis.
Evitando o transporte aéreo – mais poluente – sempre que possível, a travessia para Marrocos seria feita por via marítima, como parte dos esforços para reduzir a pegada de carbono provocada pela realização do Mundial 2030.
“O problema das alterações climáticas e dos seus graves efeitos nestes três países torna absolutamente necessário que o Campeonato do Mundo de 2030 seja organizado com uma forte redução da emissão de gases com efeito de estufa nas deslocações das equipas nacionais de futebol e dos seus adeptos”, pode ler-se no comunicado divulgado pela Aliança Ibérica pela Ferrovia.
A Aliança Ibérica pela Ferrovia pede aos respetivos Governos que consigam garantir ligações diretas entre as respetivas cidades-sede por meio de redes ferroviárias eficientes, onde os investimentos já previstos para as infraestruturas ferroviárias, como a nova ligação Lisboa-Madrid em alta velocidade, são considerados fundamentais para viabilizar esta proposta.
“Para já, como parte da Aliança, faremos as diligências necessárias junto das federações em Portugal e em Espanha, mas é também necessário o envolvimento dos Governos. Além das federações nacionais e dos ‘bilhetes verdes’, procuramos chamar a atenção da FIFA (Federação Internacional de Futebol) para agir de forma responsável”, realça Acácio Pires, dirigente da associação Zero, que integra a Aliança Ibérica pela Ferrovia.
Um estudo técnico, realizado por especialistas da Fundació Mobilitat Sostenible i Segura, demonstra a viabilidade destes três países (Portugal, Espanha e Marrocos) organizarem o Mundial com um impacto climático muito menor do que esperado, especialmente considerando as recentes decisões de outros países como a França – a cidade de Paris vai organizar os Jogos Olímpicos (JO) deste ano –, que priorizou as viagens de comboio em relação aos voos de curta distância.
Com os investimentos previstos, a maioria das cidades mais importantes da Península Ibérica terão tempos de viagem de comboio competitivos, comparativamente com as viagens de avião, e por isso a Aliança Ibérica pela Ferrovia destaca a importância de acelerar esses mesmos investimentos de forma a garantir que a rede ferroviária esteja pronta para o Mundial 2030.
“Para reduzir ainda mais estes tempos de viagem, é crucial acelerar os investimentos na rede de alta velocidade prometidos desde 2003 pelos Governos de Durão Barroso [Portugal] e José Maria Aznar [Espanha]”, refere a Zero em comunicado.
Esta proposta tem como objetivo transformar a experiência do Mundial 2030 de futebol e ainda servir de exemplo de como os grandes eventos desportivos podem ser realizados de forma mais sustentável e alinhados com as metas climáticas a nível global.