
Com 327 cv, o SUV CX-60 é modelo de estrada mais potente alguma vez produzido pela Mazda.
Pode parecer uma espécie de CX-5 insuflado ou sob o efeito de esteróides, mas o novo CX-60 é muito mais do que isso. O novo topo de gama da Mazda não só assume um posicionamento de mercado pouco habitual para a marca, como ostenta o título do modelo de estrada mais potente alguma vez produzido pela casa de Hiroshima. Resultado da combinação de um motor 2.5 a gasolina (191 cv) com uma unidade elétrica de 129 kW (175 cv), os 327 cv declarados pela Mazda garantem a este SUV de grandes dimensões prestações de acordo com o estatuto “topo-de-gama” que ambiciona.
É que apesar das mais de duas toneladas de peso, o Mazda CX-60 acelera de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos. Ainda me lembro bem quando se anunciava que um qualquer modelo desportivo (Subaru Impreza ou o icónico Lancia Delta Integrale) fazia menos de 6 segundos no mesmo exercício, era sinal de algo extraordinário… Hoje, um SUV com estas dimensões e peso é catapultado até aos 100 km num ápice, graças, em boa parte, à eletrificação. Ou melhor, podiam ter atingido o mesmo objetivo com um motor ainda maior ou auxiliado por turbos e/ou compressores, mas os consumos seriam assustadores (para os padrões atuais) e as emissões provocariam, por si só, o desaparecimento de mais um glaciar.
Assim, um “gigante” com 327 cv de potência, 500 Nm de binário, 2 toneladas e uma lista de equipamento que ocuparia uma resma de papel, contenta-se com apenas 1,5 l/100 km (valores médio homologado segundo o ciclo WLTP). Na realidade, finda a capacidade da bateria (17,8 kWh) e os cerca de 60 km de autonomia elétrica, os consumos reais andam mais na casa dos 8 l/100 km, mas, ainda assim, é um valor competitivo para o automóvel em questão.


Mas não é apenas no conjunto motriz que o CX-60 disfarça, e bem, as suas dimensões. No comportamento, os engenheiros da marca também fizeram um excelente trabalho. Aliás, o maior dos SUV da Mazda (por enquanto) denota uma atitude curiosa. A andar devagar parece mais “vagaroso” e, de certa forma, pavoneia com orgulho o seu estatuto de topo-de-gama. O conforto é bom, sem ser excecional, e a caixa troca de relações de forma quase impercetível. Os passageiros a bordo podem tirar partido do imenso equipamento de conforto e usufruir um ambiente particularmente refinado e com uma apurada qualidade geral. Nota-se que a Mazda levou a sério o pretenso posicionamento premium e apostou na atenção ao detalhe. Em especial nesta versão de topo Takumi, com interiores em branco e um aspeto verdadeiramente “tentador”.
Mas esta postura quase “senhorial” muda quando se aumenta o ritmo. O acerto da suspensão começa a fazer sentido, a direção ganha feeling e todo o conjunto parece mover-se em harmonia. De repente, parece que o CX-60 perdeu 50 cm de comprimento e um palmo de largura, 300 kg no peso e os 327 cv foram espicaçados. Não é um desportivo, nem pretende ser, mas lá que ganha outro ânimo e que surpreende quem o vê o passar e, ainda mais, quem o conduz, disso não tenho dúvidas. Aliás, não é de estranhar, já que a marca de Hiroshima é conhecida pelo apuro dinâmico de vários dos seus modelos. E não falo dos anteriores RX-7 ou das diferentes gerações do MX-5, mas mesmo o CX-3 ou o CX-5 estão aí para as curvas… literalmente.

Mas afinal qual é o segredo do CX-60 para ser tão bem comportado? Bem, a nova plataforma Skyactiv Multi-Solution Scalable Architecture, concebida para variantes de tração traseira e integral, apresenta níveis de rigidez acima da média. Depois, a colocação das baterias ajuda a baixar bastante o centro de gravidade e, a cereja no topo do bolo, a Mazda estreia no CX-60 o Kinematic Posture Control” (KPC), um sistema que trava as rodas traseiras de forma a limitar o rolamento da carroçaria em curva, entre outros “truques”.
E quanto é que a marca japonesa pede por tudo isto? Bem, isto pode ser outra agradável surpresa. Não tanto pelo valor em si, que começa nos 57 180€ e, no caso deste nível Takumi chega mesmo aos 62 730€, mas se avaliarmos a relação preço/qualidade/equipamento, rapidamente chegamos à conclusão de que os preços do CX-60 são realmente apelativos. Então se compararmos com os chamados “premium” que a Mazda tanto quer enfrentar, o CX-60 está a anos luz em termos de value for money, tendo em conta o que oferece o equipamento que ostenta. Tentador”
Artigo por Rui Reis