Neste artigo contamos um pouco da história do movimento mais masculino do século XXI.
Tudo começou em Melbourne, na Austrália. Corria o mês de Novembro de 2003 e dois mates (amigos) conversavam sobre as modas do passado. Pint atrás de pint, acabaram a questionar o desuso dos bigodes. (Recorde-se que até aos anos 50 estavam na bem na voga. Lembre-se de Poirot, Clark Gable, Errol Flynn ou até mesmo Stalin).
Assim, numa tentativa divertida de reavivar a moda do bigode, os dois amigos, Travis Garone e Luke Slattery, desafiaram outros mates a deixar crescer um “Mo”, termo que se refere ao moustache. Mas, mais do que um mero desafio superficial, e, inspirados pela mãe dum amigo que angariava fundos para a luta contra o cancro da mama, Garone e Slattery decidiram “cobrar” 10 dólares por cada “Mo”, tendo como objectivo a angariação de dólares para o combate a doenças masculinas, como o cancro da próstata.
Surpreendentemente, trinta amigos e conhecidos, não só aceitaram o desafio, como o levaram muito a sério. A receptividade foi tão boa que no ano seguinte – em 2004 – os criadores do movimento “formalizaram-no” e registaram o conceito sob o nome de “Movember”, implementando uma estratégia de comunicação forte que incluía um site. Na altura, o objectivo foi alargar a família dos “Mo’s”, estendendo o movimento a outros países.
E conseguiram. O Reino Unido e Espanha tornaram-se nos primeiros países “Mo Bros” internacionais. No mesmo ano, embora o Movember não fosse ainda oficialmente reconhecido, os “Mo Bros” conseguiram angariar mais de 50 mil dólares. Um valor significativo que a Fundação do Cancro da Próstata Australiana decidiu aceitar.
Já em 2005 o impacto do Movember ganhou nova dimensão e tomou outros contornos através da campanha ‘Give Prostate Cancer a Kick in the Arse’ (“Dá um chuto no cu ao cancro da próstata”). O sucesso da campanha de sensibilização foi tão grande que se seguiu um entendimento formal entre “os bigodes” e a Fundação do Cancro da Próstata Australiana. Nesse ano, foram mais de 9 mil os homens que aderiram ao “Mo” numa angariação de fundos conjunta que ultrapassou o milhão de dólares.
Com o valor das contribuições a aumentar exponencialmente, fez todo o sentido que em 2006 os pais do Movimento – criado há apenas 3 anos – oficializassem a sua própria fundação de caridade, e assim nasceu o “The Movember Foundation” sob o mote: “Changing the face of men’s health” (“A mudar a cara da saúde dos homens”).
Com a Fundação dos Mo’s cada vez mais sólida e bem enraizada, também a consciencialização para os problemas dos homens foi além do cancro da próstata. Na altura, uma investigação concluiu um aumento no número de homens a sofrerem de depressão e o seu combate tornou-se também uma luta do Movember Foundation.
Em 2006, numa campanha que já englobava as duas batalhas e se estendeu à vizinha Nova Zelândia, a Fundação Movember angariou mais de 9 milhões através do contributo de mais de 50 mil Bros. O Movember ganhou, novamente, uma outra dimensão e viria a tornar-se num fenómeno global no ano seguinte.
Em 2007 tornou-se num movimento internacional a operar em várias frentes do globo e com campanhas nos quatro cantos do mundo, apoiado formalmente pelas Fundações da Luta contra o cancro da Próstata do Canadá, Estados Unidos, UK e Espanha.
O leitor pode não acreditar, mas quatro anos depois do começo de uma brincadeira, os fundadores australianos conseguiram levar o seu desafio a tantos Mo Bros que contabilizaram um total de mais de 20 milhões de dólares em fundos. É caso para dizer, a união faz a força, os bigodes fazem a diferença!
Como nos dizem os fundadores do Movember, “com a ajuda dos milhões de Mo Bros e Mo Sistas de todo o mundo, o Movember está a caminhar a passos largos para aquela que é a sua visão: ter o maior impacto possível na saúde do homem”. E se está! Já se contabilizaram mais de 700 milhões desde a noite de pints em Melbourne.
Em Portugal, também existe uma comunidade de Mo Bros e pode deixar o seu contributo aqui.
Nunca pensou que um bigode daqueles à antiga pudesse fazer tanta diferença. Mas faz! Por isso deixe crescer um e orgulhe-se de o passear ao longo do mês de Novembro.
Eu fi-lo:

Este artigo foi escrito por Bernardo Mascarenhas de Lemos
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