A New Men esteve à conversa com a nutricionista Iara rodrigues. Saiba mais sobre esta opção de vida.
Jejum intermitente – afinal, o que é este termo? Um assunto que já deve ter ouvido muitas vezes, no entanto, pode ter ainda muitas dúvidas, que ainda não estão totalmente esclarecidas. Para que este seja um tema totalmente livre de incertezas e questões, a New Men esteve à conversa com a especialista e nutricionista Iara Rodrigues, licenciada na Universidade do Porto na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação e especializada em Medicina Ortomolecular e Biorresonância pela Fundação Universitária Ibero-Americana, em 2009.
Não faria sentido iniciarmos a nossa conversa com outra pergunta que não a: “No que consiste o jejum intermitente?” Iara Rodrigues esclareceu-nos esta questão, explicando que é importante percebermos, desde início, que este conceito tem de ser encarado não como uma dieta, mas sim como um estilo de vida. Ou seja, não estamos a falar de uma opção de vida temporária, mas sim, de um compromisso para connosco próprios sobre a forma como vamos passar a alimentar-nos, sempre. A nutricionista deixou bem claro que, aqui, a palavra sacrifício é omitida, partindo do pressuposto que esta vai ser a nova forma de encarar a sua alimentação.
A especialista frisou várias vezes, ao longo da conversa, que é fundamental que esta opção parta de nós mesmos, somos nós que temos de ter a consciência e a vontade em adotar o jejum intermitente como um padrão alimentar, tendo noção que a nossa janela de refeições vai ser menor do que aquela que convencionalmente estamos habituados. Esclareceu que há uma série de refeições que o padrão “tradicional” tem – assumindo que a pessoa come, pelo menos durante 12 a 14 horas, enquanto está acordada – enquanto que no jejum intermitente, não tem. Por outras palavras: adotamos um diferente registo de horários a partir do momento em que, pelo menos, as 16 horas são em jejum. Neste caso, fica a restar apenas oito horas para a pessoa se alimentar, ou às vezes até menos, dependendo da estratégia que a pessoa escolha para si.
Iara Rodrigues partilhou que, normalmente, o padrão mais seguido são as 16/8, ou seja, 16 horas em jejum com um intervalo de oito horas de refeições. No entanto, há vários registos, mas este é o padronizado, segundo a nutricionista. “Este estilo de vida, para quem o gosta de seguir e faz sentido, pode ser perfeitamente enquadrado num estilo de vida saudável, sempre e quando as opções que fizer no tempo de refeições forem as certas e as adequadas e nutricionalmente equilibradas”, palavras de Iara Rodrigues.
Uma outra questão que a New Men quis ver esclarecida foi: Existem benefícios aquando adotado este registo alimentar? À qual a especialista respondeu “Já foram feitos vários estudos sobre esta questão que nos indicam que, efetivamente, há melhorias da glicemia, da hipertensão, questões de peso e até questões de energias, havendo pessoas que se sentem mais enérgicas e acabam por dormir melhor – uma vez que a comida muitas vezes lhes provocava cansaço”. Percebemos que, realmente existe uma reprogramação metabólica, ou seja, há um ajuste da autofagia do corpo ao prolongar o chamado jejum fisiológico (que é um jejum mais metabólico). Contudo, ainda não se pode afirmar com 100% de certezas, visto que o que sabemos até hoje são respostas de estudos. No entanto, a nutricionista tranquilizou-nos dizendo que de facto este é um estilo de vida saudável e que traz, sem dúvida alguma, benefícios.
A Dra. Iara Rodrigues acrescentou ainda que “tem havido vários benefícios manifestos para quem segue este registo, resta saber se é porque há um diferencial muito grande entre aquilo que faziam anteriormente ou se, de facto, porque há uma reprogramação do corpo. E essa adaptação do corpo ao novo estilo alimentar faz com que haja esses ajustes”. Além disto, a especialista acredita que as vantagens são um conjunto de situações, não necessariamente em relação ao jejum em si, mas quase como consequência. A partir do momento em que a pessoa ajusta o número de refeições, não fará tantos disparates, não acumula tantos sedentes. Há uma reprogramação quase que como consequente ao número de horas que se come, que é menor àquilo que seria tradicionalmente no padrão normal – o que vai fazer com que haja uma limitação do número de excessos que muitas vezes cometem.
A nutricionista partilhou com a New Men uma verdade que de certo se vai identificar: existem dois grandes momentos muito críticos no dia-a-dia de muitas mulheres e homens: quando chega a casa ao final do dia, e nas horas da ceia. Estes são os momentos em que a gula chega e o desejo por doces e guloseimas tende a não desaparecer. Para ilustrar esta situação, criou um cenário hipotético: sugeriu que imaginássemos uma pessoa que opta por saltar o pequeno almoço, e por isso, vai jantar bem, aqui, a necessidade de cear já não vai existir. Sendo importante voltar a frisar que, a janela de refeição, tem de ser feita com uma qualidade alimentar e nutricional, tendo sempre em conta a distribuição alimentar. Confessou-nos que não é nem mais nem menos saudável ficar mais tempo sem comer – uma vez que é uma coisa totalmente fisiológica e humana. Acrescentou até que “a espécie humana sobreviveu décadas e centena de anos com uma escassez alimentar muito grande, portanto, o nosso corpo está adaptado fisiologicamente para isso.”.
O ponto chave, aqui, é saber como devemos distribuir a quantidade e qualidade da alimentação – “Isso sim fará diferença, mesmo numa pessoa que coma três, quatro, cinco ou oito vezes ao dia.”.
Para ajudá-lo a entender se se identifica com este padrão alimentar, a Dra. Iara Rodrigues deu umas dicas: “primeira coisa que tem de definir é que, encarar este estilo de vida não deve ter como base o desejo de fazer dieta e emagrecer. Tem de partir da pergunta: faz me sentido adotar este método? Faz me sentido fazer uma boa refeição e abdicar de outra? – pois, ao assumir como uma dieta, vai voltar ao mesmo ciclo vicioso, ao ciclo de uma dieta que não terá qualquer tipo de sentido nem efeito, uma vez que é uma decisão completamente isolada e sem consistência. Logo, a pessoa tem que se identificar com o registo e tem que lhe fazer sentido”. Este é um estilo de vida que muda de pessoa para pessoa, dependendo das suas preferências.
Agora que está mais esclarecido, já pode ponderar se, afinal, se enquadra com este estilo de vida ou não.
Artigo por Francisca Pinheiro