Para além dos jornalistas, o Global Media Group demitiu ainda toda a direção do Diário de Notícias a dois dias da greve geral dos jornalistas.
O Global Media Group (GMG) deu início, esta terça-feira (12 de março), a um processo de despedimento coletivo, alegando uma “complicadíssima situação financeira que resultou da gestão dos últimos meses, cujo impacto foi público”. Este processo surge apenas a dois dias da greve geral dos jornalistas, que está agendada para esta quinta-feira (14 de março).
Num comunicado interno, o Global Media Group explicou que a reestruturação interna levou à necessidade de uma redução de pessoal devido à difícil situação financeira enfrentada. Como parte deste processo de despedimento coletivo, toda a direção do Diário de Notícias (DN) foi destituída, incluindo o diretor José Júdice, e será substituída pelo atual diretor do Dinheiro Vivo, Bruno Contreiras Mateus, durante um período transitório de três meses (até julho) para depois desse tempo também ele deixar o grupo. Para além destes nomes, também os subdiretores do Diário de Notícias, Ana Cáceres Monteiro e Filipe Garcia, e 17 quadros do grupo – entre área administrativa, marketing e jornalistas – foram despedidos.
“Estamos conscientes de que este processo [de despedimento coletivo] tem um grande impacto nas operações do Diário de Notícias, tudo faremos para minorar as suas consequências. A verdade é que a situação atual era insustentável, tanto do ponto vista financeiro como do ponto de vista da equidade com os profissionais que há muito tempo mantêm viva a chama editorial do Diário de Notícias. Por isso se impunha esta decisão, que visa também lançar um projeto renovado para o DN, que será desenvolvido em articulação profunda com a atual redação”, refere a administração do Global Media Group no respetivo comunicado.
Este despedimento coletivo vai afetar principalmente os colaboradores com contratos celebrados desde o mês de setembro de 2023 – na administração de José Paulo Fafe (ex CEO da Global Media Group –, com exceção das revistas Men’s Health e Women’s Health, e acontece num momento de alguma tensão para o setor da comunicação social, dada a proximidade da greve geral dos jornalistas, marcada para esta quinta-feira (14 de março), que teve como motivação original a ameaça desse mesmo despedimento coletivo.
“Isto não é um despedimento coletivo, é um saneamento, é a ‘limpeza’ das pessoas que estavam afetas à anterior administração. Entendo que despeçam a direção. Não entendo que sejam despedidos jornalistas. A redação, mesmo com os jornalistas que entraram na administração de José Paulo Fafe, já era demasiado pequena. Isto é uma guerra de acionistas e nós todos fomos apanhados neste fogo cruzado”, realça Ana Cáceres Monteiro, que revelou ainda que foi despedida via telefone.
A demissão em massa da direção do Diário de Notícias e a implementação do despedimento coletivo refletem a contínua instabilidade enfrentada pelo respetivo setor. O futuro do jornalismo em Portugal permanece incerto e ganha assim novos desafios económicos e laborais.
O Global Media Group é dono da TSF, do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias (JN), do Dinheiro Vivo, d’O Jogo, da Men’s Health e da Women’s Health, redações essas que estiveram à beira de encerrar devido à má gestão de um fundo internacional (World Opportunity), tendo o grupo sido comprado recentemente por um conjunto de novos investidores e acionistas.