O relatório do Global Carbon Project revela que até ao final do ano as emissões de dióxido de carbono vão atingir um novo recorde.
No âmbito da cimeira da ONU sobre o clima (COP28) foi divulgado um relatório alarmante do Global Carbon Project (GCP), elaborado por mais de 120 cientistas de mais de 90 instituições de todo o mundo e que será publicado na revista Earth System Science Data (ESSD). O documento revela que as emissões de dióxido de carbono (CO2) atingirão um novo recorde em 2023, ultrapassando os 40,9 mil milhões de toneladas até ao final do ano.
De acordo com as descobertas, as emissões provenientes dos combustíveis fósseis deverão aumentar 1,1%, alcançando assim a marca de 36,8 mil milhões de toneladas, o que representa um agravamento em relação ao ano de 2022. Somando as emissões de origem fóssil com as provenientes das alterações no uso do solo, o total projetado para 2023 é de 40,9 mil milhões de toneladas, superando os 40,6 mil milhões de toneladas de 2022.
O relatório destaca a persistente disparidade em relação aos objetivos climáticos globais, indicando a urgência de ações concretas. Mesmo com incertezas, os cientistas avisam que, mantendo o atual ritmo de emissões de CO2, existe uma probabilidade de 50% de nos próximos sete anos (até 2030) o aquecimento global ultrapassar o limite de 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial.
Apesar de algumas regiões, como a Europa e os Estados Unidos da América, apresentarem reduções nas emissões fósseis, a tendência a nível global permanece no sentido oposto ao pretendido. “Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris”, alerta o diretor do respetivo relatório e professor do Global Systems Institute de Exeter, Pierre Friedlingstein, antes de acrescentar que “todos os países precisam de descarbonizar as suas economias mais rapidamente do que atualmente para evitar os piores impactos das alterações climáticas”.
A COP28, que este ano se realiza no Dubai (Emirados Árabes Unidos) até ao dia 12 de dezembro, enfrenta a pressão de chegar a acordo sobre “cortes rápidos nas emissões fósseis” de forma a evitar que a temperatura do planeta ultrapasse estes limites críticos ou que pelo menos mantenha o objetivo de não exceder 2°C de aumento em comparação com a era pré-industrial.
Este relatório do Global Carbon Project também revela que as tendências regionais na luta contra as alterações climáticas variam consideravelmente. Prevê-se que as emissões aumentem na Índia (8,2%) e na China (4%), enquanto que na União Europeia (-7,4%), nos Estados Unidos da América (-3,0%) e no resto do mundo (-0,4%) as previsões apontam para uma diminuição.
Com previsões de aumento nas emissões provenientes do petróleo (1,5%), do carvão (1,1%) e do gás (0,5%), os cientistas destacam a necessidade urgente de descarbonizar as economias globais. O CO2 atmosférico médio para 2023 é estimado em 419,3 partes por milhão, o que representa um aumento de 51% em relação aos níveis pré-industriais.