A implementação de medidas de ecoeficiência pelas organizações não são meramente para proteger os recursos do planeta. Trazem também ganhos económicos que, dependendo da dimensão da empresa, pode ser de dezenas de milhões de euros.
As empresas enfrentam uma crescente pressão para adotarem práticas mais sustentáveis, tanto por parte dos consumidores como das regulações governamentais. Mas incorporar a sustentabilidade na estratégia empresarial não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma oportunidade para otimizar recursos, reduzir custos e melhorar a eficiência operacional.
Ao adotar medidas sustentáveis, as organizações podem minimizar desperdícios e melhorar a gestão de recursos naturais, o que se traduz em reduções de custos. Por exemplo, práticas de eficiência energética e gestão de resíduos podem diminuir despesas operacionais, enquanto o uso de matérias-primas recicláveis ou renováveis pode reduzir a dependência de recursos escassos e caros. Além disso, a sustentabilidade pode abrir novas fontes de receita, como a comercialização de produtos ecológicos ou a participação em mercados de créditos de carbono.
A Sonae Sierra, divisão do Grupo Sonae que opera no setor imobiliário, fez as contas e concluiu ter conseguido evitar custos operacionais no valor de €22 milhões em 2023, com a implementação de um conjunto de medidas que melhoraram os níveis de ecoeficiência.
De acordo com o Economic Environmental and Social Report (EES Report) de 2023, a empresa reduziu, desde 2005, em 88% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), vulgo carbono, diminuiu o consumo de eletricidade em 68% desde 2002, e conseguiu uma redução de 41% no consumo de água desde 2003. Ao nível da taxa de reciclagem de resíduos, verificou-se um aumento significativo de 255% desde 2002, tendo atingindo os 67% em 2023.
Para a melhoria da eficiência energética e a consequente redução nas emissões de carbono contribuiu o programa Bright, que foi desenvolvido em 2012 e implementado em todo o portefólio da Sierra. Em 2021, o Bright foi atualizado tendo por base as melhores tecnologias disponíveis, dando origem ao Bright 2.0, que foi implementado novamente nos ativos da Sierra. Até ao final de 2023, através deste projeto, foram identificadas 150 medidas de melhoria que requerem um investimento de 34,7 milhões de euros, representando um potencial de poupança anual de energia de 33%, equivalente a 44,5 GWh e de 6,5 milhões de euros (a preços de energia de 2023).
Estes ganhos podem ainda ser aumentados e tomando, de novo, o case study da Sonae Sierra verificamos que em 63% do portefólio da Sierra existem certificações ambientais, havendo, pois, muita margem de manobra pela frente. E os novos projetos de edifícios estão a ser desenvolvidos de forma a obterem igualmente certificações como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou o BREEAM (British Research Establishment Environmental Assessment Method), garantindo o cumprimento dos requisitos de sustentabilidade mais avançados.
A adoção de práticas sustentáveis tem outro mérito: pode melhorar a relação com stakeholders, investidores, clientes, colaboradores e a comunidade em geral. Investidores estão cada vez mais atentos ao desempenho ambiental, social e de governança (ESG) das empresas, e aquelas que demonstram um compromisso sólido com a sustentabilidade tendem a ser vistas como menos arriscadas e mais promissoras a longo prazo. Os colaboradores, por sua vez, valorizam trabalhar para empresas que compartilham os seus valores e demonstram responsabilidade social, o que pode melhorar a moral e a retenção de talento.
Portanto, a integração de critérios e medidas de sustentabilidade nos processos de decisão e operações principais não deve ser vista apenas como um desafio ou uma exigência externa, mas como uma estratégia de negócio essencial que proporciona múltiplos benefícios. A transição para práticas mais sustentáveis é uma jornada contínua, mas os ganhos económicos e ambientais resultantes justificam os esforços e investimentos.