Luxo, requinte, sofisticação e um refinado, mas poderoso, motor V6 de 240 cv associado a uma caixa automática de 10 (!) relações, não são atributos que, tradicionalmente, associemos a uma pick-up. Mas esta nova geração Amarok está muito longe dos automóveis de trabalho, duros e resistentes, mas pouco mais refinados do que uma carroça, que temos na nossa mente.
Hoje em dia, as pick-up como esta Amarok V6 mantêm uma vocação profissional, sim, mas assumiram o papel anteriormente reservado aos jipes. Não aqueles SUV que, se colocados perante um cruzamento de eixos ou um corta fogo, nem saem do sítio com os seus pneus 100% estradistas, tração dianteira e a altura ao solo de um 4L, mas aqueles jipes que faziam as delícias dos espíritos mais aventureiros e que prometiam ir ao fim do mundo por estrada ou fora dela.
Pois bem, ao volante da Amarok sentimo-nos, outra vez, invencíveis. Capazes de enfrentar qualquer desafio. De “vergar” qualquer terreno às ambições de progressão deste monstro de 5,35 metros e quase 2,5 toneladas…
Estamos a exagerar um pouco, até porque as jantes de 21 polegadas não convidam a grandes trialeiras, mas a sensação que perdura é que, realmente, esta Amarok é capaz de atravessar continentes a ritmos inconfessáveis, com a caixa de carga pejada (acomoda uma euro-palete e transporta mais de 1 tonelada) e uma caravana atrás.
Esta impressão não advém apenas da elevada altura ao solo e da posição dominante sobre a estrada, mas também resulta do nobre, mas portentoso 3.0 TDI V6. Com 240 cv e 600 Nm de binário, transmitidos a uma caixa automática de 10 (!) velocidades (a mesma que equipa a Ford Ranger, já que este é um projeto conjunto da VW e da marca da oval azul), a mais potente das Amarok assegura prestações pouco consentâneas com um automóvel de “trabalho”.
Segundo a VW, esta Amarok chega aos 190 Km/h de velocidade máxima e é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 8,8 segundos, cifras que, há uns anos, fariam corar de inveja alguns pocket-rockets… Na prática, o que importa reter é que esta pick-up tem sempre potência e binário de sobra para qualquer tarefa.
Interior de uma berlina de luxo
Nesta versão “Aventura”, a mais equipada da gama, a Amarok rivaliza em tudo com uma berlina de luxo. Revestimentos em pele que, neste caso, se estendem ao tablier e às portas, bancos elétricos, faróis de LED, painel de instrumentos digital com 12″ e um enorme ecrã central tátil com as mesmas 12″. Não é propriamente o tipo de requinte que se espera de um automóvel deste tipo, mas, como referimos, a Amarok não é uma pick-up convencional.
Através deste monitor do sistema de infotainment é possível selecionar um dos seis programas de condução: Eco, Normal, Escorregadio, Lama/Terra, Neve/Areia e Reboque. Com tantos modos pré-programados, adaptar a Amarok a um determinado tipo de utilização é uma brincadeira de crianças. Qualquer condutor, seja quais forem as aptidões ou experiência, pode tirar pleno partido das (imensas) capacidades da pick-up da VW.
Para complementar, o sistema de tração integral 4Motion da VW dispõe, também ele, de quatro posições selecionadas a partir de um comando rotativo na consola central: tração traseira (2H), Tração integral automática (4A – passa a 4×4 sempre que é necessário), Tração integral permanente (4H) e as chamadas redutoras vou baixas (4HL). Em zonas mais íngremes, pode ainda recorrer ao assistente de velocidade em descidas (Hill Descent Control) e, por fim, pode ainda bloquear manualmente o diferencial traseiro.
Só os pneus e a coragem limitam as aptidões fora de estrada
Fora de estrada, só os pneus vincadamente estradistas e a coragem do condutor limitam as aptidões desta Amarok. É verdade que a redução da largura limitou a inclinação lateral, mas os ângulos característicos de TT continuam a ser muito bons: ângulo de ataque de 29º, ventral, de 21º e de saída de 22º. O ângulo de inclinação lateral fica-se agora pelos 29º, mas a maior altura ao solo permitiu subir a passagem a vau de 500 mm para 800 mm.
Mais uma vez, o poderoso motor V6 é um auxiliar precioso, com uma disponibilidade de binário avassaladora em baixos e médios regimes. Mesmo nas situações mais complicadas, e graças à eficaz caixa automática, raramente terá de recorrer às redutoras, a não ser que queira ajudar um amigo a mudar a casa… de lugar.
Em jeito de conclusão, e tirando algumas propostas ainda mais extremas como a Raptor V6 a gasolina, poucas pick-up no mercado nacional asseguram as prestações, o requinte interior e o refinamento que esta Amarok V6 proporciona. Obviamente que há um preço a pagar por tamanha imponência e, como a Amarok, este não é pequeno. No caso desta 3.0 TDI Aventura, a VW pede mais de 80 000€ já com IVA… É caro? Não! É muito dinheiro por um automóvel de trabalho? Sim! Resta saber quem, realmente, irá utilizar esta Amarok V6 como uma ferramenta profissional e não como um automóvel de lazer e… prazer.
Artigo por Rui Reis