Nissan inicia o ensaio de um sistema de produção de eletricidade a partir de bioetanol, produzida a partir de uma planta, o sorgo. Essa energia é armazenada em baterias.
Vários fabricantes de automóveis já afirmaram pretender atingir a neutralidade de carbono, a médio prazo. Isto significa emitir a mesma quantidade de CO2 para a atmosfera que aquela que se retira por diferentes vias, perfazendo um balanço zero e tornando a atividade virtualmente com uma pegada de carbono zero.
Mas para se alcançar este objetivo não basta ter automóveis 100% elétricos; também é necessário que todo o ciclo de produção contribua com uma pegada carbónica sustentável ambientalmente.
A Nissan, por exemplo, está empenhada em atingir a neutralidade de carbono em todas as operações da empresa e no ciclo de vida dos produtos até 2050.
Se nos veículos, essa meta começa a ser trilhada, no fabrico dos automóveis está o maior desafio.
Neste caso, o construtor japonês estabeleceu como objetivo a eletrificação total do equipamento das fábricas até 2050, através da introdução de tecnologias de produção inovadoras e da redução da utilização de energia. Para alcançar a neutralidade de carbono nas fábricas de produção, toda a eletricidade utilizada será gerada a partir de fontes de energia renováveis ou gerada com células de combustível no local que utilizem combustíveis alternativos.
Para ajudá-la a alcançar essa neutralidade de carbono, a Nissan anunciou que desenvolveu um sistema estacionário, alimentado a bioetanol, capaz de gerar energia com elevada eficiência. Os testes começaram na fábrica da Nissan em Tochigi, no Japão, com o objetivo de melhorar a capacidade de produção de energia para operações em grande escala a partir de 2030.
Este sistema de geração de energia estacionário tem por base uma célula de combustível de óxido sólido (SOFC) movida a bioetanol.
Características da SOFC
As SOFC podem ser facilmente combinadas com reformadores que funcionam a altas temperaturas e podem gerar eletricidade utilizando hidrogénio obtido através da reforma de vários tipos de combustíveis que reagem com o oxigénio, incluindo etanol, gás natural e gás LP. As operações a altas temperaturas promovem uma elevada atividade catalítica, permitindo que a SOFC atinja uma elevada eficiência de geração de energia de 70%, em comparação com 60% para as células de combustível de eletrólito polimérico (PEFC).
Olhando para o futuro, o desenvolvimento de uma célula com suporte metálico, que é um componente da pilha SOFC, ajudará a aumentar a resistência da célula. Como resultado, os tempos de arranque e de paragem podem ser reduzidos e as operações de seguimento da carga podem ser realizadas em resposta a flutuações súbitas na procura de produção. Isto permitirá o funcionamento eficaz do sistema SOFC no futuro, quando se prevê que o sistema seja utilizado em conjunto com energias renováveis.
Neste caso, da Nissan, o sistema estacionário de produção de eletricidade será alimentado por bioetanol produzido a partir de cereais (bioetanol de sorgo), desenvolvido em conjunto com a Binex Inc., sendo o combustível adquirido à Binex. Esta componente terá início a partir de 2025.
A Nissan esclarece que, embora o bioetanol de sorgo emita CO2 durante a produção de energia SOFC, esse CO2 é absorvido da atmosfera durante o processo de crescimento dos cereais (sorgo), contribuindo para a realização de um ciclo neutro de carbono em que os aumentos de CO2 são efetivamente reduzidos a zero.
Características do sorgo
O sorgo é uma planta herbácea anual da família das gramíneas, de crescimento rápido e colheita de 3 em 3 meses, o que permite várias colheitas por ano quando cultivada em condições adequadas.
Dada a sua adaptabilidade a regiões frias e secas, pode ser cultivado numa grande variedade de regiões e de solos.
O caule é utilizado como matéria-prima para a produção de etanol e o grão é utilizado para a alimentação, pelo que não há concorrência com a produção alimentar.
Os resíduos do caule após a prensagem podem também ser utilizados na produção de energia elétrica a partir de biomassa.