
Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, suspenderam-se algumas batalhas por umas horas.
As trincheiras foram “a casa” de vários soldados durante alguns anos. O medo e receio de se levantarem e serem alvejados certamente consumia-os todos os dias. No entanto houve um momento, durante a época natalícia, em que as tropas fizeram tréguas.
Perto da fronteira com a Bélgica, na batalha entre a Alemanha e a França, as balas atravessavam a “terra de ninguém”. Este era um espaço nulo que não era propriedade de nenhum país. Foi nessa terra que os soldados, fugazmente, festejaram o natal e, acima de tudo, a paz.
Os alemães deram o primeiro passo quando colocaram árvores iluminadas, mas rapidamente todos os homens presentes se juntaram. O silêncio terminou e o único som que ecoava era o dos cânticos de natal. Por momentos a guerra não existia. Partilhavam-se cigarros, jogava-se futebol e apertavam as mãos porque mais do que soldados eram todos Homens.
No rescaldo, ainda houve tempo para sepultar todas as baixas dos dois lados. Realizaram-se breves homenagens fúnebres, mas que honraram aqueles que prescindiram a sua vida para combater pelo país.
Mais tarde, alguns historiadores recolheram cartas que os combatentes enviaram à família. O momento era relatado com grande carinho. Infelizmente, o início do ano trouxe o recomeço da guerra e há provas de que alguns foram verdadeiramente punidos. Porém ficou para a história este momento único que marcou o mundo e principalmente os homens enfiados nas trincheiras.
Não houve quem não se comovesse com esta história. O momento foi de tal maneira impactante que a maior cadeia de supermercados do Reino Unido fez um anúncio de natal dedicado aos 100 anos de tréguas. Este pequeno vídeo tenta ilustrar o natal durante a Primeira Guerra Mundial e relembrar que esta é uma época de partilha e união.
Em 2005 já tinha existido uma tentativa de recriar o armistício que marcou este conflito. O filme Joyeux Noël retrata as tréguas na perspetiva dos soldados presentes. No elenco estão presentes Diane Krüger, Guillaume Canet, Benno Fürmann e Daniel Brühl. As músicas são interpretadas por Rolando Villazon, uma das estrelas do mundo da ópera.
Este natal voltamos a recordar as tréguas de 1914, pois é uma forma de relembrar ao mundo que mesmo nas alturas mais sombrias, a união e solidariedade podem fazer a diferença.
Este artigo foi escrito por Marta Pereira Laranjeira