Esta espécie invasora, também conhecida por Rugulopteryx okamurae, já se propagou pelas praias de Albufeira e de Portimão.
O litoral do Algarve está a enfrentar um desafio preocupante: uma invasão da alga japonesa. Trata-se da Rugulopteryx okamurae – uma espécie originária das costas orientais do Japão, China e Coreia –, que está a propagar-se rapidamente pelas praias algarvias, tendo já alcançado Albufeira e Portimão. A situação é alarmante, com registos de acumulações de até 1,30 metros de altura, ultrapassando a zona da cintura de um adulto.
Há três anos, esta alga invasora chegou ao arquipélago dos Açores, sendo que a primeira vez que foi detetada na Europa foi no ano de 2019, em França. Desde então, tem-se espalhado pelo continente europeu, o que motivou a inclusão na lista de “espécies exóticas invasoras” da União Europeia (UE). O fenómeno está a causar preocupação não só no Algarve, mas também noutras regiões costeiras mediterrâneas, como por exemplo Espanha, onde a situação já é enfrentada há algum tempo.
Os impactos da Rugulopteryx okamurae são significativos. A alga afeta a biodiversidade dos ecossistemas costeiros, afastando espécies marinhas como os polvos e prejudicando a pesca regular. Para além disso, representa um desafio para as autoridades locais, que se veem obrigadas a adotar medidas de mitigação. A Câmara de Lagoa, por exemplo, já criou um grupo de trabalho para estudar a espécie invasora e desenvolver estratégias eficazes.
No Algarve, não é a primeira vez que ocorre uma invasão de grandes proporções desta alga japonesa. Em setembro de 2022, praias como a do Carvoeiro ficaram cobertas por esta espécie, tendo sido necessários 40 camiões para transportar cerca de 400 toneladas de algas. A remoção e finalidade adequada destes organismos têm gerado custos consideráveis para as autarquias locais, como é o exemplo da Câmara de Lagoa, que já gastou cerca de 10 mil euros em equipamentos e enfrenta uma despesa adicional de 24 mil euros para a deposição das centenas de toneladas de algas recolhidas.
As origens desta invasão remontam à navegação marítima, que permite o transporte ocidental de espécies entre diferentes meios aquáticos. Esta prática é reconhecida como uma das maiores ameaças aos oceanos, de acordo com a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. Acredita-se que a alga japonesa tenha chegado à Europa presa aos cascos de navios ou através da água de lastro, captada por embarcações para garantir estabilidade.
Enquanto se procura por soluções efetivas para lidar com a invasão da Rugulopteryx okamurae, é fundamental consciencializar a população sobre a importância de evitar a disseminação de espécies invasoras. A colaboração entre autoridades, comunidades locais e especialistas é crucial para minimizar os impactos ambientais e preservar a diversidade dos ecossistemas costeiros do Algarve e de toda a região mediterrânea.