A EDP Renováveis ter iniciado a construção do seu primeiro projeto de armazenamento de energia em baterias autónomo na Europa. Em que consiste este tipo de projeto?
Com a transição global para fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, a questão do armazenamento de energia elétrica ganha uma relevância sem precedentes. Embora essas fontes sejam limpas e sustentáveis, são também naturalmente intermitentes. O sol não brilha o dia inteiro, e os ventos podem ser imprevisíveis, criando desequilíbrios entre a oferta de energia e a procura.
Sem soluções de armazenamento adequadas, a energia gerada durante períodos de baixa procura pode ser simplesmente desperdiçada. Este desafio sublinha a importância estratégica das baterias e outras tecnologias de armazenamento na transição energética.
As baterias de iões de lítio são as que têm vindo especialmente a ser utilizadas para este fim, de armazenar a energia excedente produzida por parques eólicos e solares.
Além de ser uma solução técnica, o armazenamento de energia traz benefícios económicos significativos. A possibilidade de armazenar energia durante os períodos de pico de produção e utilizá-la em momentos de maior consumo ajuda a reduzir os custos operacionais do sistema elétrico. Consequentemente, isso pode traduzir-se em tarifas mais baixas para os consumidores finais.
Do ponto de vista ambiental, o armazenamento também tem um papel crucial na descarbonização da rede elétrica. Ao aumentar a utilização da energia gerada por fontes renováveis e reduzir a dependência de combustíveis fósseis em momentos de pico, o armazenamento contribui diretamente para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Com o avanço tecnológico, espera-se que as soluções de armazenamento de energia se tornem ainda mais eficientes e acessíveis.
O armazenamento é, por isso, o elo essencial para uma transição energética bem-sucedida.
EDP constrói o seu primeiro projeto de armazenamento autónomo na Europa
Neste contexto, destaque para o facto de a EDP Renováveis ter iniciado a construção do seu primeiro projeto de armazenamento de energia em baterias (BESS) autónomo na Europa, com uma capacidade de 50 megawatts (MW). Localizado em Kent, Inglaterra, o projeto Harrington Franklin deverá estar totalmente operacional em 2025 e “contribuirá significativamente para a estabilidade da rede de energia britânica, permitindo um uso mais eficiente da energia renovável e apoiando a transição energética”, destaca a empresa.
“Este projeto é um passo importante na ambição da EDP de desenvolver um portefólio flexível e multitecnologia para apoiar a transição energética em todos os mercados onde opera”, refere.
O projeto Harrington Franklin contribuirá para a rede britânica com uma capacidade de 50 MW, o que equivale a 100 MWh de produção de energia ou duas horas de armazenamento, e, segundo a EDP, “desempenhará um papel crucial para melhorar a flexibilidade da rede e na otimização do equilíbrio entre oferta e procura de energia”.
“Ao permitir o uso eficiente da energia renovável gerada no país, abre caminho para um sistema mais sustentável e fiável”, enfatiza.
Além de Harrington Franklin, a EDP diz ter também garantido outro projeto de armazenamento de 50 MW no Reino Unido e de 36 MW em Espanha e assegurado, recentemente, subsídios para desenvolver um portefólio adicional de 141 MW em Espanha e Portugal.
A empresa tem ainda projetos de armazenamento noutras geografias, como os EUA, onde anunciou um acordo para adicionar 200 MW de armazenamento de energia à rede do Arizona através do projeto Flatland Energy Storage, um sistema de baterias de iões de lítio de 200 MW/800 MWh que deverá entrar em operação em 2025.
No seu Plano de Negócios 2023-26, a EDP aponta como objetivo alcançar uma capacidade de armazenamento superior a 500 MW em todo o mundo.
Paralelamente, a empresa está “a explorar oportunidades para aumentar o valor dos ativos existentes através da integração de novas soluções de armazenamento com hidroelétricas, térmicas, eólicas e solares”.