As autarquias do Algarve decidiram aplicar a sugestão da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos para conter o problema da seca.
Os residentes e as empresas do Algarve vão enfrentar, a partir do mês de março, um aumento dos preços da água, uma medida do Governo para conter a seca que tem assolado a região sul de Portugal. Os aumentos vão variar entre os 15% e os 50%, dependendo do escalão de consumo, e estão a gerar uma onda de preocupação e de críticas por parte dos algarvios.
De acordo com António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e da Câmara Municipal de Olhão, “o aumento do tarifário previsto vai incidir sobre todos menos os que estão no primeiro escalão. No segundo escalão, onde estão a maioria dos consumidores, o aumento será de 15%. No terceiro, o aumento é mais significativo, de 30%, porque estamos a falar de usos para além daquilo que é razoável para uma família [exemplo: quem tem em casa um jardim ou uma piscina]. No quarto escalão, o aumento é de 50%”, referiu o autarca ao Expresso.
Para além dos aumentos dos preços da água, as autarquias do Algarve, que concordaram com o documento feito em conjunto com a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), estão a considerar medidas punitivas para os grandes consumidores, como a aplicação de coimas ou até mesmo a proibição de regar jardins privados e encher piscinas.
Porém, esta medida não tem sido bem recebida por todos. Alguns proprietários de negócios lamentam os potenciais custos adicionais que terão de enfrentar a partir de março, enquanto que os consumidores individuais questionam se estes aumentos vão levar a uma real redução do consumo de água ou se são apenas mais uma forma “de pagar os erros da natureza e os da política”, como disse uma proprietária de um café à SIC.
Apesar das preocupações e das críticas, o Governo e as autoridades locais defendem que estas medidas são necessárias para garantir o abastecimento de água até ao final do presente ano. No entanto, muitos questionam se estas ações serão suficientes para enfrentar a crise hídrica que assola todo o território do Algarve e se não será necessário um maior esforço coordenado e um maior investimento em soluções de longo prazo.