
Economia a estagnar
Num cenário internacional marcado por incertezas, instabilidades políticas e lideranças voláteis, a economia mundial, embora longe de uma recessão, encontra-se num momento delicado, a exigir precauções. O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou recentemente que mais de três décimos da economia mundial está em abrandamento, o que levou esta entidade a uma revisão em baixa da previsão de crescimento mundial para 2023, para níveis abaixo dos 3% (6% em 2021, 3,2% em 2022 e 2,7% neste ano).
Com o resto do mundo a desacelerar e a nossa dependência da economia externa, o mais provável é contrair uma gripe aos primeiros espirros nos mercados com quem mantemos relações comerciais mais próximas como a Alemanha, Inglaterra e a Itália. Daí as previsões do FMI para Portugal – alinhadas com as da Comissão Europeia e do Banco de Portugal – apesar de melhorarem, não animarem, pois, este ano o crescimento económico não deverá ultrapassar os 1,8%, contra os 6,7% efetivos de 2022.
A verdade é que, decorridos apenas cinco meses do ano, estamos ainda acima dos valores que o Governo inscreveu no Orçamento de Estado, ou seja 1,3% de crescimento, mais de 0,5% acima das previsões iniciais para o desempenho da atual da economia portuguesa, que se justificam pelos valores altos de inflação, cujo valor atual das previsões situam em 5,1%, com o Governo na apresentação do Orçamento de Estado prever os 4%.
A economia nacional perde, pois, dinamismo e, muito provavelmente não crescerá mais do que a média da União Europeia. O que significa continuar a perder posições face a países que há anos que se encontram atrás de nós.
Falamos de um abrandamento económico, com reflexos muito negativos no país real, onde já se estima o acréscimo de desemprego e um maior défice da balança corrente, sendo que a balança comercial de bens e serviços tem regredido, o quejá não ocorria desde 2011.
Façam as leituras que entendam, mas o novo cenário de previsões do FMI distancia-nos da convergência europeia e traz também reflexos muito negativos no défice orçamental, que apesar da brutal cobrança de impostos, se mantém negativo em 0,4%, o que se releva trágico para as nossas contas públicas.
Portugal degrada-se e não cresce como devia, falha no propósito de conceder acréscimo de rendimento salarial e estabilidade laboral aos cidadãos e às famílias. Falhando, em suma, muito do que prometeu aos portugueses.
Eduardo Teixeira, Economista e Conselheiro Nacional do PSD