As Escolas do Benfica juntaram-se esta época ao Clube de São João da Talha – o Sport Clube Sanjoanense.
Os clubes distritais conseguem ser tão grandes como os clubes de Primeira Liga. Muitas vezes o problema é a falta de apoios e de investimentos. Não é o caso do Sport Clube Sanjoanense. O clube de São João da Talha, pertencente à União das Freguesias de Santa Iria de Azoia, São João da Talha e Bobadela, em Loures, teve a sorte – não foi sorte, foi muito trabalho e dedicação – de conseguir ter as Escolas do Benfica a treinar os mais novos.
“A aposta das Escolas Benfica era algo que eu já tinha pensado enquanto Responsável de Futebol, mas não foi possível por vários motivos”, disse Carlos Sousa, presidente do Sanjoanense, que deixou claro que o objetivo é trazer mais atletas ao clube, mudar as ideologias de treino, dar mais formação, haver mais disciplina e criar maior competitividade no futuro. “A ideia de ser Benfica é apenas porque, para além das nossas cores serem também vermelhas e brancas, queríamos colocar o Benfica no meio de duas escolas do Sporting [Sacavenense e o Povoense].
Para Bruno Marques, coordenador das Escolas do Benfica no Sanjoanense, as perspetivas futuras para os miúdos que jogam pelas escolas Benfica “são, a meu ver, que um dia possam vir a ser jogadores profissionais. Sabemos que, em 1000 crianças, uma chega a ser profissional, mas estando a jogar numa Escola Benfica a visibilidade é maior e o próprio Benfica está mais atento a essas crianças que jogam nas suas escolas “. O objetivo é dar oportunidade a todas as crianças e jovens de um dia puderem jogar em equipas profissionais e, com as Escolas, é mais provável. No entanto, para o coordenador, “não queremos só criar jogadores. Queremos também criar jovens educados e disciplinados que um dia, se não forem jogadores de futebol, possam ser cidadãos exemplares para a comunidade portuguesa”.
O Presidente da Junta de Freguesia, Nuno Leitão, acredita que “a ligação de um clube local a um clube de notoriedade nacional ao nível do futebol cria condições para que os jovens da Freguesia possam adquirir novas competências desportivas e eventual captação de «talentos» nestas camadas”.
Claro que apostar em clubes distritais pode ser um risco. No caso do Sanjoanense, o risco que se pode sentir é apenas porque é uma freguesia conhecida pelas diferentes comunidades. No entanto, o coordenador acha, ainda assim, importante apostar nestes clubes “para que os clubes mais pequenos possam continuar a ter atletas a praticar futebol cada vez com mais condições para os atletas e, sendo assim, não deixar morrer o chamado futebol de bairro – onde muitas crianças se divertem a fazer o que mais gostam durante várias semanas”.
No início do mandato desta direção houve “uma reunião muito importante com a comunidade cigana, que tanto foi acusada de ser um dos problemas para o não crescimento do clube. A nossa iniciativa mostra que é possível crescer com a comunidade cigana ao nosso lado. Uma das provas é termos conseguido trazer a Escola do Benfica para o clube. Tenho de destacar a grande ajuda do Presidente da Associação Techari, José Fernandes, e do Presidente da Junta de Freguesia, Nuno Leitão, para que a comunidade colaborasse connosco”, disse Carlos Sousa. Para o presidente do clube, é importante incluir todos porque todos têm o mesmo direito de jogar no clube.
Para Nuno Leitão, o trabalho desenvolvido pelo Sport Clube Sanjoanense “agrega, face ao contexto da freguesia, um elevado número de comunidades” e acredita que esta ligação [entre o clube e a comunidade] vai reconhecer esta importante dinâmica.
O clube de São João da Talha cresceu muito nesta última presidência. Carlos Sousa diz que “sempre investi muito” para que os miúdos pudessem ter um sítio seguro para treinar e serem felizes. “Acho que crescemos neste último ano e vamos crescer mais. No ano zero desta direção [este último ano], já se consegue ver alguma mudança em infraestruturas e resultados desportivos. Esse é um dos nossos objetivos – criar e atualizar as infraestruturas para que haja condições decentes dentro do que é possível. Outro objetivo é em termos desportivos. Queremos ter um bom crescimento na formação e uma boa época de seniores.”
A verdade é que no último ano o clube cresceu muito principalmente em visibilidade. Com um plantel, equipa técnica e um departamento médico novo, ficaram em nono lugar – apenas a quatro pontos do sétimo classificado, “tivemos o melhor marcador do Campeonato e projetámos um atleta para a Segunda Divisão nacional da Croácia, um no Campeonato de Portugal e outro na Primeira Divisão distrital. Podemos dizer que foi uma época bastante positiva”, disse, com orgulho, o presidente do clube.
Para Carlos Sousa, não é só isso que importa. O Sanjoanense tem várias iniciativas de solidariedade que começaram no mandato deste presidente. “Ajudámos no crescimento da academia Celton Biai, na Guiné, com material desportivo – desde bolas, equipamentos de jogo, fatos treino, chuteiras. Era material que tínhamos num canto, então decidimos fazer estas crianças felizes”, reforçou.
Outra iniciativa foram os treinos com uma instituição com pessoas [meninos e adultos] portadoras de deficiência. “Fazemos os treinos no nosso campo. Foi uma das iniciativas mais marcantes que fiz na minha vida. Perceber que, para nós um simples treino de futebol, traz tanta alegria e entusiasmo àquelas pessoas que merecem as mesmas oportunidades.”
O clube de São João da Talha tem crescido muito neste último ano com o novo presidente agora com as Escolas do Benfica. “Todas as boas práticas e as lideranças associadas, fazem com que as instituições cresçam em importância e reconhecimento. Ao nível do Sport Clube Sanjoanense, e com esta nova articulação com as Escolas do Benfica, certamente o crescimento que se quer vai ser atingido, aumentando o número de atletas, a ligação aos sócios e a comunidade”, diz Nuno Leitão que acredita que todas as iniciativas, incluindo as Escolas do Benfica no clube, reforçam o sentimento de pertença.
“Todos se podem juntar a nós nas Escolas Benfica Sanjoanense, desde os três aos 16 anos. Uns entram logo para a competição, outros pela formação. O custo varia consoante as idades e vai desde os 35€ [os mais novos] e 25€ [maiores iniciados e juvenis]”, concluiu o coordenador do Benfica.