O recorde anterior pertencia ao ano de 2016, mas 2023 ultrapassou esse registo em 0,17ºC, de acordo com os dados divulgados pela Copernicus.
O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) da União Europeia (UE) confirmou oficialmente que 2023 foi o ano mais quente alguma vez registado no planeta Terra, superando 2016, em 0,17ºC, que era até então o ano mais quente de sempre. Esta revelação não só corrobora as evidências prévias, como também sugere que este foi possivelmente o ano mais quente dos últimos 100 mil anos.
O diretor do C3S, Carlo Buontempo, descreveu 2023 como “um ano muito excecional em termos climáticos”, referindo que o mesmo se destaca “mesmo quando comparado com outros anos muito quentes”. Este marco já era esperado por toda a comunidade científica, pois desde o mês de junho do ano passado que todos os meses têm quebrado recordes de temperatura, em comparação com os anos anteriores.
Em média, o planeta Terra estava 1,48ºC mais quente em 2023 do que no período pré-industrial (1850-1900), altura em que as atividades humanas começaram a impactar de forma significativa o clima global, ao queimarem combustíveis fósseis em escala industrial e por consequência a bombear dióxido de carbono (CO2) para atmosfera. Apesar das metas climáticas estabelecidas por Governos e empresas, as emissões de dióxido de carbono atingiram níveis recorde no ano passado, contribuindo desta forma para a concentração mais alta de sempre de CO2 na atmosfera – 419 partes por milhão. Estas emissões recorde de CO2 foram impulsionadas pela queima de carvão, petróleo e gás, indicando assim uma persistente falta de progresso nas reduções de gases de efeito estufa.
Para além das alterações climáticas provocadas pelo ser humano, as temperaturas em 2023 foram exacerbadas pelo fenómeno climático El Niño, que aqueceu as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico e contribuiu também para o aumento global das temperaturas. Este aquecimento acabou por causar sérios impactos, como o stress térmico nos corais, colocando desta forma vários recifes com sérios riscos de sobrevivência.
Os efeitos do calor extremo no ano de 2023 foram evidentes em desastres climáticos espalhados por todo o mundo, desde as ondas de calor mortais na China e na Europa até às chuvas intensas que resultaram nas inundações letais na Líbia e à pior temporada de incêndios florestais de sempre no Canadá.
Apesar do alarme mundial, a persistência nas emissões de CO2 e os impactos devastadores da “Mãe Natureza” destacam a urgência de haver ações concretas para combater as alterações climáticas e mitigar os seus efeitos prejudiciais em escala global.